sábado, 27 de abril de 2013

Importância do lúdico no ensino superior

Abaixo projeto submetido durante o curso de Pós-Graduação de Formação de Professores. A idéia aqui é desmistificar a falta de seriedade do lúdico na prática educativa inclusive para adultos no ensino superior. Sintam-se a vontade para postar seus comentários sobre este tema. Podem falar sobre os pepinos e os abacaxis, porém não se esqueçam de explorar o sabor doce e a suculência dos morangos, das peras, das cerejas e das nectarinas que esta prática proporciona!


INSTITUTO SUMARÉ DE EDUCAÇÃO SUPERIOR – ISES
FACULDADE SUMARÉ
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Atividades lúdicas como ferramenta pedagógica no Ensino Superior”
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO
2012
 
 
EULAIDE ROCHA - RA: 1250006
FRANCISCO RUSSO - RA: 1250005
ROSANA GRAPPEGGIA CRUZ - RA: 1250008
THAIS JORDÃO – RA: 1250002
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Atividades lúdicas como ferramenta pedagógica no Ensino Superior”
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Projetos de Aperfeiçoamento I
                                                      Profª Ramon Casas Vilarino  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo
2012
 
RESUMO
 
            Apresentaremos um breve relato da metodologia de ensino empregada na aprendizagem lúdica, fator primordial para um bom desenvolvimento do aluno no ensino superior. Levantaremos as várias teorias de cunho ora pedagógico, psicanalítico ou existencial, de modo a conduzir a uma reflexão sobre a falta de seriedade em torno da brincadeira. Queremos desmistificar a irreverência da brincadeira e ponderar sobre sua dignidade no processo de aprendizagem mesmo no ensino superior.  
 
ABSTRACT
 
            In this paper we will prepare a brief description of the teaching methodologies used in playful learning, as a primary factor to a good development of the student during graduation courses. We will present several theories being them pedagogical, psychoanalytic or existentialist-oriented, so that we are able to produce some reflection on the lack of seriousness about playing. We want to demystify the irreverence of playing and consider its dignity even in graduation level.
 
Palavras Chave
Educação -  Lúdico
Key-Words
Education - Playing
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................1
           O PAPEL DO EDUCADOR.......................................................................................1-2
O BRINCAR.................................................................................................................2
REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................3-4
O LÚDICO NO ENSINO SUPERIOR........................................................................4-5
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................5-6
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................7
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


INTRODUÇÃO



Em Pierre Lévy (1994), aprendemos que tais ecologias cognitivas são as complexas relações que estabelecemos com a realidade, fazendo a utilização coletiva de nossas inteligências com o entrelaçamento e a mediação dos avanços tecnológicos. Saber aprender e ensinar no século XXI é enfrentar este desafio no nosso contexto educacional atual: criar estratégias para o desenvolvimento de uma ecologia cognitiva geradora de uma sociedade do conhecimento, onde competências e habilidades para aprender e ensinar sejam acessíveis a todos. 

            O filósofo Johan Huizinga (“Homo Ludens” estudos, pp.7-9) procura mostrar que o homem migrou na linha do tempo de Homo Sapiens para Homo Faber, e considera que a terceira função, tão importante como o raciocínio e a produção de objetos, é a denominação de Homo ludens ao considerar o “jogo” como toda e qualquer atividade humana. Ele explica que o jogo tem uma função significante, algo que busca um sentido. O que chama a atenção geral é o fato da diversão, da intensidade e da fascinação que ele causa, porém o jogo deve ser analisado e avaliado na sua totalidade. Podemos ver sua função dentro da cultura através da captação das imagens geradas pelo jogo e compreendê-las como fatores culturais da vida. Além disso, contesta o fato de opor o jogo a seriedade, lembrando que o jogo não é cômico nem para os jogadores ou para o público.

 

O PAPEL DO EDUCADOR

Visto como um agente facilitador no processo da aprendizagem, na atualidade o docente passa por uma fase desafiadora diante da industrialização na educação. São vários os relatos de professores que deixaram as salas de  aulas tradicionais e inovaram de forma lúdica, democrática, criativa e bem-sucedida.

Na medida em que os professores investem nas próprias experiências lúdicas, investem no próprio ‘eu’ enquanto uma oportunidade de ensino próprio; eles podem também conceber uma prática profissional lúdica exclusiva e diferenciada.

Este enfoque na formação do professor o distancia do ‘prático’ da prática docente. É outro paradigma, ou melhor, uma prática profissional lúdica que oportuniza essa comunicação, essa fala. A voz que conta passa a cantar, a correr, a girar, a fantasiar e realmente brincar.

O professor é um intermediário entre o aluno e o conhecimento, assumindo um papel importante na formação do indivíduo. “É preciso ter em mente a diferença entre erudição e sabedoria, pois o verdadeiro conhecimento tem que ser internalizado, as informações não devem ser apenas assimiladas, mas precisam provocar as devidas transformações na nossa linha de pensamento, caso contrário, serão apenas palavras que irão ornamentar nossa erudição”. (Santos, 1997, p. 18).

“Cabe ao professor ousar pensar com a própria cabeça, ousar mudar de idéia quando perceber que precisa agir como um arte-educador, e que essa é a melhor alternativa para se deixar de ser somente uma repetição do que os outros já disseram ou pensaram”. (Menezes, 2010, p. 43).

 

O BRINCAR

 Em termos conceituais, o brincar se iguala ao sentimento de liberdade plena de pensar, de agir, de sentir, de criar e de se expressar. Brincar é a liberdade total de criar fantasias, de imaginar situações fictícias, de imitar ou transformar a realidade de forma descompromissada.

Segundo Negrine, aprender brincando pode libertar a mente para pensar e criar...  Não é mágico, é lúdico e precisa ser experimentado. 

Negrine (2000) afirma que a capacidade lúdica está diretamente relacionada a sua pré-história de vida. Acredita ser, antes de mais nada, um estado de espírito e um saber que progressivamente vai se instalando na conduta do ser devido ao seu modo de vida.

A teoria lúdica refere-se a uma dimensão humana que evoca os sentimentos de liberdade e espontaneidade de ação. Abrange atividades despretenciosas, descontraídas e desobrigadas de toda e qualquer espécie de intencionalidade ou vontade alheia.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

A partir da realização de uma revisão bibliográfica, constatou-se que alguns autores, ao elaborarem estudos que abordaram o lúdico, utilizaram a teoria de Vigotski para se orientarem. Por esse motivo, sua teoria foi utilizada para fundamentar a presente pesquisa, bem como, a teoria de Wallon, dentre outros.

Ao elaborar a teoria sócio-histórica, Vigotski ofereceu uma abordagem psicológica sobre o aprendizado e o desenvolvimento, que destacava as relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior, dentro de um processo histórico. Entendendo o conceito de zona de desenvolvimento proximal de Vigotski como sendo a diferença entre o nível de desenvolvimento real determinado pelo que o indivíduo consegue realizar sozinho e o nível de desenvolvimento potencial, determinado pelo que o indivíduo consegue realizar apenas com o auxílio de outra pessoa (mediador), é possível afirmar que o aluno pode valer-se da interação com um colega mais capaz ou com o próprio professor para ajudá-lo a construir seu conhecimento. Quando os indivíduos se envolvem em uma interação tanto escrita quanto oral, eles o fazem para agirem no mundo social em um determinado momento e espaço, considerando aqueles a quem se dirigem ou aqueles que se dirigiram a eles, ou seja, esse encontro interacional é marcado pelo mundo social que os envolvem. Desse modo, a construção do significado é social, pois quem usa a linguagem para se comunicar com alguém o faz de um lugar determinado social, cultural e historicamente. Portanto, a natureza da linguagem é sócio-interacional, uma vez que os significados construídos no mundo social refletem os diversos tipos de discursos que veiculam diferentes percepções, crenças, visões de mundo, ideologias presentes em determinados momentos da história e em espaços culturais e institucionais específicos.

A relevância do papel de um parceiro mais competente na construção do significado também foi abordada por Wallon que considerou o desenvolvimento humano resultante de uma dupla história, envolvendo as disposições do sujeito e as contínuas situações com as quais ele se depara e que exigem uma resposta. Wallon estabeleceu que a atividade da criança somente pode ocorrer devido à mediação dos instrumentos que lhe oferecem tanto o contexto material quanto a linguagem utilizada ao seu redor.

Assim como Vigotski, Wallon (1979) apontou que, particularmente a mediação, feita por um parceiro mais experiente, é de grande influência na construção do pensamento e da consciência de si, que vai emergindo do confronto com os parceiros nas situações cotidianas, via imitação do outro ou oposição. Dessa maneira, o sujeito forma sua conduta e sua personalidade a partir dos conflitos que estabelece com o meio a cada momento, ou seja, o sujeito está em constante modificação.

A fim de proporcionar momentos de interação entre o aluno e indivíduos mais competentes, as atividades lúdicas podem ser utilizadas para facilitar a interação entre os mesmos e propiciar uma atmosfera de descontração e estímulo para a educação.

Em contrapartida, a pedagoga Nylse Helena Cunha argumenta em sua obra “Brinquedoteca: um mergulho no brincar” (1994) que brincar não é aprender e sim desenvolver-se do ponto de vista existencial. Não há preocupação com o mediador e sim que o indivíduo tenha algum desenvolvimento a partir da atividade lúdica.

 

O LÚDICO NO ENSINO SUPERIOR


Aqui trataremos sobre as estratégias que o professor poderá utlizar para alcançar resultados e usando o lúdico como um recurso adicional no ensino superior.

            Com base em sugestões da psicopedagoga Cristiane Scattone, podemos considerar as seguintes “brincadeiras” apropriadas para o nível de maturidade do aluno em cursos de graduação:

- uso de Ebooks, IPADs e Tablets, com ênfase no imagético e na velocidade competitiva para domínio de conteúdos e leitura dinâmica;

- charadas para discussão em sala de aula, que promoverão o espírito da descoberta, do detetive que existe em cada um de nós;

- quebra-cabeças, que representarão um desafio e determinação até conclusão da montagem, da totalidade;

- uso de figuras infantis, que despertarão sentimentos, associações da primeira infância, vivências e fatores culturais associados ao habitat de origem;

- teatralização, a qual valorizará a espontaneidade, a interação e a imitação;

- jogos de mímica, que provocarão risos, rapidez de raciocínio e busca das informações pela memória;

- campeonatos, que lembrarão o espírito da competição e privilégio para os detentores de maior quantidade de informações;

- dinâmicas em grupo, que propiciarão o espírito da verdadeira integração, troca de experiências e liberdade de opinião.

Acreditamos que práticas lúdicas no ensino superior devem suscitar o paradigma da associação da loucura do jogo aliado à liberdade que o professor poderá conquistar ou que o aluno poderá desfrutar. Certamente a auto-crítica por parte do educador e dos alunos no ensino superior será maior, pois o adulto passa a envergonhar-se do seu espírito lúdico e deixa de ser tão natural quanto na primeira infância.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É sabido que as atividades lúdicas têm sido utilizadas largamente nas práticas pedagógicas, sobretudo na Educação Infantil, com a finalidade de favorecer o desenvolvimento da inteligência, facilitar o estudo, proporcionar uma aprendizagem de forma prazerosa, exercitando a imaginação e a criatividade, oferecer uma inserção ativa no universo sócio-cultural, vivenciando

componentes motores, afetivos, cognitivos e sociais de maneira integrada, propiciar benefícios intelectuais, morais e físicos, entre outros.

Todavia parece que o mesmo não ocorre nos demais níveis de ensino, ou seja, essa frequente utilização não ocorre na mesma proporção em aulas do Ensino Médio e, principalmente, em aulas do Ensino Superior. Pode-se inferir que se os sujeitos não enfrentassem as dificuldades mencionadas para o uso das atividades lúdicas durante suas aulas, poderiam utilizar, com uma maior freqüência, o lúdico que, de acordo com vários autores, constitui elemento essencial para o desenvolvimento do ser humano em suas diferentes idades, bem como para o processo educacional, que pode compreender desde a pré-escola até os cursos de Ensino Superior.

Por esse motivo, sugere-se a inserção do lúdico nos cursos de formação do profissional de educação. Comprovadamente o lúdico pode ser uma excelente ferramenta pedagógica para uma aprendizagem mais significativa, na medida em que desafia os alunos a seguirem em busca de novos conhecimentos. Proporciona ainda interação social, que, segundo Vigotski, é onde acontece a aprendizagem e facilita a execução de tarefas mais complexas como compreensão de textos aparentemente não adequados a certa faixa etária.

Reconhecemos que, aplicar tais recursos em salas com grande número de alunos não é tarefa fácil, pelo movimento provocado. Ainda há, em grande parte do sistema de ensino, a visão de que uma aula boa é aquela em que todos os alunos façam silenciosamente aquilo que é proposto, ou seja, só a mente precisa funcionar e o resto deve permanecer inerte. Tal visão não é fácil de ser superada, porém pode-se associar movimentação lúdica com interação social ao invés de falta de disciplina ou desordem.

Encerramos nossas reflexões com as palavras de um grande mestre:

“Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo.

É triste ter meninos sem escola,

mas mais triste é vê-los enfileirados em salas sem ar,

com exercícios estéreis,

sem valor para a formação humana”.

Carlos Drummond de Andrade

 

E na qualidade de educadores, seguiremos com a mesma preocupação da pedagoga Nylse Cunha; “Conseguirão os educadores, ainda que por alguns momentos, ser apenas os produtores do espetáculo e não seus dirigentes?”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 


 


BIBLIOGRAFIA


 

Cunha, Nylse Helena S. “Brinquedoteca. Um Mergulho no Brincar”. 2ª. Edição. São Paulo; Maltese, 1994.

 

Huizinga, Johan. “Homo Ludens. O Jogo como Elemento da Cultura”. 5ª. Edição. São Paulo; Perspectiva. 2008.

 

Menezes, Iany B. S. “Cultura e Ludicidade. A vivência do brincar na formação de professores”. Fortaleza; Gráfica LCR, 2010.

 

Vigostski, L. S. (2008) “A Formação Social da Mente. O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores”. 7ª. Edição. São Paulo; Martins Fontes.

 

Wallon, H. “A Evolução Psicológica da Criança”, Lisboa; Edições 70, 1979.

 

 

 

 

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