O ensinar é um elemento fundamental nesse processo, onde contém duas
dimensões: uma utilização intencional e uma de resultado. É preciso distinguir
quais ações estão presentes na meta que estabelecemos ao ensinar. Em se
tratando de apenas passar a informação, bastará passá-la por meio da exposição
oral, sendo uma boa palestra suficiente para o aluno aprender a memorização.
No entanto, se nossa meta se refere à apropriação do conhecimento pelo
aluno, é preciso se reorganizar e partir na direção do apreender, que segundo
Anastasiou e Alves (2009), do latim “apprehendere”,
significa segurar, prender, pegar, assimilar mentalmente, entender,
compreender, agarrar; por parte do estudante exige ação constante e consciente:
informar-se, exercitar-se e instruir-se. Essa ação conjunta de professor e
alunos propiciam a escolha e efetivação de estratégias diferenciadas que
facilitem esse novo fazer aulas.
O termo ensinagem indica uma prática social entre os sujeitos, professor
e aluno, que envolve tanto a ação de ensinar quanto a de aprender, decorrentes
das ações na sala de aula e fora dela. Propõe-se uma unidade dialética
processual, na qual o papel condutor do professor e autoatividade do estudante
se efetivem em dupla mão, num processo de ensino e aprendizagem.
Nesse contexto afirma Vasconcellos, (1994): “é fundamental a mediação
docente, que prepara e dirige as atividades e as ações necessárias e buscadas
nas estratégias selecionadas, levando os alunos ao desenvolvimento de processos
de mobilização, construção e elaboração da síntese do conhecimento”.
As estratégias, utilizadas como ferramentas de trabalho são definidas
pelos docentes ou contrato didático.
Sendo que as atividades de ensino e de aprendizagem deverão atender às
características do Projeto Político-Pedagógico do curso, que se reflete na área
de estudo com seu conteúdo e dos sujeitos do processo.
Em relação a mobilização para o conhecimento, Vasconcellos (1994) sugere
que se estabeleça uma articulação entre a realidade concreta e o grupo de
alunos, com suas redes de relações, visão de mundo, percepções e linguagens, de
modo que se possa estabelecer um diálogo entre o mundo dos universitários e o
campo a ser conhecido. Ter clareza dos objetivos que se pretende atingir,
socializá-los e vinculá-los com os alunos é uma forma de iniciar o
compartilhar, com vistas a uma prática significativa nas aulas. O papel do
professor será de desafiar, estimular, ajudar os estudantes na construção de
uma relação com o objeto de aprendizagem que, atenda a uma necessidade deles,
auxiliando-os a tomar consciência das necessidades existentes numa formação universitária.
A mobilização para o conhecimento se trata de possibilitar ao aluno o
direcionamento para o processo pessoal de aprendizagem, desenvolvido de forma
operacional com sua práxis ou múltiplas linguagens, que pode ser perceptiva,
motora ou reflexiva. Com a utilização de: estudo de textos, vídeos, pesquisas,
estudo individual, debates, grupos de trabalhos, seminários, exercícios, etc.
Daí a importância da escolha das estratégias como propostas aos
estudantes para a construção do conhecimento.
Vasconcellos (1994) cita algumas categorias que poderão orientar a
definição das atividades dos universitários: significação, problematização,
práxis, criticidade, continuidade e ruptura, historicidade e totalidade; sendo
as estratégias escolhidas no momento de construção do conhecimento:
Significação: visa estabelecer
os vínculos, os nexos do conteúdo a ser desenvolvido com os interesses e
prática social do aluno. Assim, a proposta efetivada deverá ser significativa e
vinculada de forma ativa para o aluno, por meio das relações existentes entre
as necessidades e finalidades que ligam o aluno ao objeto do conhecimento;
Problematização: na origem da
busca de todo conhecimento está colocado um problema, cuja gênese deve ser
recuperada no estudo do conteúdo; pensamento do aprendiz se identifica melhor
com situações em que possa tanto mover-se quanto identificar-se em diferentes
posições, questionar;
Práxis: ação (motora,
perceptiva, reflexiva) do sujeito sobre o objeto a ser conhecido. Tendo em
vista que toda aprendizagem é ativa, exige, portanto, essa ação, que também
possibilita a articulação do conhecimento com a prática social que lhe deu
origem;
Criticidade: o conhecimento
deve estar ligado a uma visão crítica da realidade, buscando a verdadeira causa
das coisas e a essência dos processos naturais ou sociais, superando a simples
aparência deles;
Continuidade e ruptura: parte-se
de onde se encontra o aluno (senso comum, visão sincrética ou inicial) para,
sob o efeito da análise pela ruptura, possibilitar a construção de uma nova
síntese que represente um conhecimento mais elaborado e qualitativamente
superior;
Historicidade: trabalha os
conhecimentos em seu quadro relacional, destacando que a síntese existente em
cada momento, por ser histórica e contextual, poderá ser superada por novas
sínteses.
Totalidade: combina a síntese
com a análise, articulando o conhecimento com a realidade, seus determinantes e
seus nexos internos.
Nesse contexto, a interação intencional, planejada e responsável entre
universitário, professor e objeto de conhecimento consiste a essência da
relação pedagógica.
Texto bem claro, porém senti falta das referências dos autores.
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